O TEATRO QUE EU VI - TEXTO ESCRITO EM 16/06/2015
O título, convenhamos, não é nada atraente; não se trata de
uma mega produção com recursos milionários, nem patrocínio de grande empresa ou
banco; no elenco não está nenhuma super star do show business e o resultado é
um deslumbre! Isso é “Urinal, o Musical”, em cartaz no teatro do Núcleo
Experimental (Rua Barra Funda, 637).
A versão original da peça (“Urinetown”), escrita e produzida
pela dupla Mark Hollmann e Greg Kotis, estreou na Broadway em 2001, tendo
recebido vários prêmios Tony, a maior láurea do teatro americano. A versão
brasileira teve ótima tradução do diretor Zé Henrique de Paula e da maestrina
Fernanda Maia, que também se encarrega, com brilho, da regência do espetáculo à
frente de um excelente grupo de músicos. A dupla trouxe a história para o nosso
contexto atual, temperando-a com critica sutil e cáustico humor. É um desses
espetáculos onde impera o capricho e tudo funciona a contento para encher os
olhos da platéia.
A peça narra os infortúnios de uma população explorada por
uma Companhia (a Companhia da Boa Urina – CBU) que graças a conchavos e
esquemas de corrupção com o poder público tem a concessão para explorar os
banheiros públicos da cidade durante uma interminável crise hídrica, cobrando
taxas extorsivas. Tudo se complica quando surge um líder entre os desvalidos
que resolve enfrentar o poderoso dono da Cia. Sem ser maniqueísta, o texto
expõe os dois lados da moeda, mostrando que, se de um lado a ganância é nociva,
por outro lado a demagogia sem planejamento também pode se constituir um mal
igualmente letal.
O espetáculo ao mesmo tempo que lança mão de todos os
estereótipos que compõem os folhetins e musicais clássicos, os usa para
satirizar, subverter e arrancar gargalhadas da platéia, de forma crítica e
inteligente. Uma delícia!
O elenco, muito bem dirigido compõe uma estrutura harmônica,
com todos os atores atuando com graça e alegria. O mestre de cerimônia fica por
conta da caricata figura do policial que reprime qualquer rebeldia que possa
por em risco a supremacia dos poderosos. Seu intérprete é Daniel Costa, que dá
um show de humor do começo ao fim do espetáculo. O herói dos oprimidos fica por
conta do limpador de latrinas Bonitão, vivido por Caio Salay e seus reluzentes
olhos azuis. Outro show! Na ala feminina, Luz, a mocinha do espetáculo, é
vivida com extrema graça pela afinadíssima Bruna Guerin. Encantadora! Penélope
Peneira, a administradora dos banheiros, que guarda um segredo de folhetim,
fica por conta da superlativa presença de Nábia Vilela, que tira proveito de
seu histrionismo em pleno favor da personagem. Deliciosa! Outro destaque é
Luciana Ramanzini, que vive a Garotinha de forma maravilhosa. Garantindo o
humor, de forma brilhante, está também Fábio Redkowicz no papel do policial
auxiliar Berro. O elenco todo (13 atores) está muito afinado e garante um
espetáculo vibrante.
"Urinal, o Musical" é um desses espetáculos que dá
gosto assistir e nos faz sair felizes do teatro, pelo privilégio de ter
assistido a um espetáculo encantador. Um triunfo!
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URINAL, O MUSICAL. À direita, Caio Salay e Nabia Villela |
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DANIEL COSTA (em primeiro plano) em URINAL, O MUSICAL |
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Caio Salay e Bruna Guerin, os apaixonados de URINAL, O MUSICAL |
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Fábio Redkowicz e Daniel Costa, ótimos em URINAL, O MUSICAL |
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a maravilhosa Nabia Villela com Bruna Guerin e Adriana Alencar em URINAL, O MUSICAL |
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Caio Salay e Bruna Guerin em URINAL, O MUSICAL |
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Daniel Costa e Luciana Ramanzini em URINAL, O MUSICAL |
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Gerson Esteves e Roney Facchini, o político corrupto e o empresário corruptor em URINAL, O MUSICAL |
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Nabia Villela em URINAL, O MUSICAL |
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URINAL, O MUSICAL |
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