O TEATRO QUE EU VI - TEXTO ESCRITO EM 01/07/2015
Trabalhar numa empresa,
especialmente uma grande corporação, não é tarefa fácil. As pressões por
resultados, as competições, os jogos de bastidores e fundamentalmente a luta
desesperada para se manter no emprego pode levar um funcionário a um profundo
stress. Esse estado de coisas se agrava quando aparece a figura do “chefe”.
Essa entidade, muitas vezes se transfigura em representante da empresa e assume
para si uma postura que ultrapassa os limites da simples coordenação,
resvalando para o que se costuma chamar de assédio moral. É algo dificílimo de
se provar, pois sempre vai se pressupor que o assediante está apenas e tão somente
cumprindo seu papel no sentido de garantir o bom andamento do serviço e, por
extensão, da empresa.
Esse tema espinhoso é o fio
condutor do magnífico espetáculo “Contrações” em cartaz às quartas feiras no
Teatro Porto Seguro. Escrita pelo inglês Mike Bartlett em 2008, a peça põe em
cena uma gerente e uma subordinada. A título de ”zelar” pela política e ética da
empresa, no intuito de não prejudicar a produtividade dos funcionários, a chefe
vai aos poucos expondo a subordinada a um cipoal de constrangimentos e absurdas
exigências, invadindo sordidamente sua intimidade. Por outro lado, a
subordinada, considerando as circunstâncias vai se deixando dominar pela
superior. O que se estabelece em seguida é um jogo de crueldade dissimulada em
sorrisos e palavras gentis por parte da superiora, mas que vai minando a
auto-estima e a própria capacidade de reação da subordinada. A um passo do
absurdo, as situações caminham para desfechos inimagináveis.
Com direção inventiva de Grace
Passô, “Contrações” tem no elenco uma
dupla formidável de atrizes: Yara de Novaes e Débora Falabella. É o que se
costuma chamar de um “tour de force”. Débora Falabella é uma atriz que não se
acomoda à posição de estrela de novelas e no palco busca o alimento das grandes
atrizes. Na pele da quase indefesa Emma, ela caminha por uma vereda de angústias e tortura psicológica, estabelecendo
um jogo cênico de grande precisão. Yara de Novaes, também uma excelente
diretora, dá à figura da opressora chefe uma dimensão que ultrapassa os limites
de uma grande atuação. Está simplesmente estupenda!
Pelo brilhante desempenho da
dupla, as atrizes dividiram os Prêmios APTR (RJ) e APLAUSO BRASIL (SP) categoria Melhor Atriz e Yara de Novaes
conquistou o Prêmio APCA (SP). Nada mais merecido!
Que maravilha sentar-se numa
platéia e assistir a um espetáculo de tamanha beleza! Impossível não
aplaudir de pé e não dizer uma palavra resumo: “Bravo!”
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Contrações |
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Débora Falabella e Yara de Novaes em Contrações: atuações brilhantes |
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Débora Falabella e Yara de Novaes em Contrações |
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Débora Falabella e Yara de Novaes em Contrações |
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Yara de Novaes e Débora Falabella em Contrações |
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Débora Falabella e Yara de Novaes em Contrações |
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Débora Falabella e Yara de Novaes em Contrações |
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Débora Falabella e Yara de Novaes em Contrações |
fotos: Divulgação (João Caldas e Victor Zorzal)
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